quinta-feira, 1 de janeiro de 2015

Ades pode?


AdeS, soja, cáries e tudo o mais…
Pode dar AdeS para o bebê?

Pode, não!
Porque:
1) Contém açúcar refinado. E açúcar refinado dá cáries.
Ainda mais quando a quantidade consumida ao dia é bem acima do estabelecido para um bebê, ou criança menor.
2) Já reparou nos Valores Diários mencionados nas embalagens?
Valores Diários são o equivalente à média padrão de calorias que uma pessoa deve consumir, estipulada em 2000 Kcal para adultos.
Dificilmente você encontrará o correspondente para as crianças, que é  de 1000 Kcal, para idades entre 1 e 2 anos, e 1.600 Kcal, entre 3 e 8 anos.
Para bebês: de seis a 8 meses aproximadamente 600 Kcal.  Á partir dos 9 meses, 700 Kcal a 800 Kcal.
Se indagamos a empresa pelo SAC, como fiz, a atendente afirma que AdeS porde ser consumido por maiores de 3 anos.
E aí começa a confusão!
Se o VD% tem como base 2000 Kcal, seu bebê ou filho menor está consumindo tudo muito acima!
Ou porque só bebe do produto e não ingere outros alimentos, ou porque, ainda por cima, consome outros alimentos que vão fornecer mais sódio, mais potássio, mais zinco, mais cálcio do que o seu organismo necessita e pode processar.
“Ah! mas é bom. Ele precisa de “vitaminas” e lá tem tudo”…
Calma lá, mamãe! As “vitaminas” sintéticas adicionadas aos produtos podem se acumular e causar efeitos tóxicos, quando consumidas com exagero, ou interagir errado com alimentos ou suplementos, prejudicando a absorção dos mesmos.
A confusão se completa quando utilizam como marketing as palavras criança, cálcio… e as mães seguem sem notar as fotografias na embalagem, de crianças maiores de 9 anos, não bebês ou menores (de 4, 5, 6, 7…).
Os VD% nesses produtos kids são estabelecidos para crianças maiores de  10 anos (2.000 Kcal).



3) Açúcar provoca cáries
É inevitável. Ainda mais quando vai na mamadeira noturna, antes do sono e sem qualquer limpeza bucal posterior, ou mesmo no copinho das crianças maiores.
Daí, não importa que seu filho, ou filha, tenha 9 anos ou mais. Como qualquer pessoa que possui dentes, sua saúde bucal corre riscos.
As bebidas á base de soja, os sucos de frutas artificiais e as cáries
Por conta da falta de prevenção, as cáries surgem precoces, e atrapalham o desenvolvimento da criança.
Porque falta de cuidados também é ofertar açúcar sem limites. E falta grave é oferecer açúcar aos bebês menores de 6 meses ou 1 ano.
Sabe os 10 passos para a alimentação saudável para crianças menores de 2 anos? Então, está lá, não devemos oferecer açúcar aos bebês, e não é porque “somos radicais”. É porque temos que despertar nossa consciência já nessa fase.
E o excesso de açúcar das bebidas á base de soja, colas, achocolatados ou guaranás consegue bater seus próprios records! Tudo para mascarar o sabor original da soja, do guaraná, do cacau…
Mas não pense que com o leite de vaca na mamadeira é diferente. O Ninho não perde em nada, no quesito açúcar refinado, para o AdeS. E também é tão responsável pelas “cáries de mamadeira” quanto seu concorrente.
Vamos dar a palavra a quem sabe do assunto:
Relação doença Cárie-Açúcar :  Prevalência em crianças
 Departamento de Odontologia da Universidade Federal de Sergipe
A cárie dentária é uma doença multifatorial, infecciosa, transmissível e sacarose dependente.



Quer dizer, depende da quantidade de açúcar e tempo deste em contato com os dentes, para se instalar.
Está intimamente ligada à introdução dos carboidratos refinados na dieta da população, principalmente a sacarose (açúcar da cana),  o dissacarídeo mais cariogênico, sendo este o mais presente na dieta familiar em quase todo o mundo.
Em estudo realizado para avaliar o potencial cariogênico de sucos de frutas artificiais, com ou sem soja,  pela Universidade de Minas Gerais, os resultados foram os seguintes
Arquivos em Odontopediatria – Universidade de Minas Gerais
O objetivo deste trabalho foi avaliar 20 sucos de frutas industrializados, sob o ponto de vista do potencial erosivo e cariogênico. Avaliaram-se três parâmetros que podem contribuir para a possível perda de minerais dentários.
Quando pH, acidez e açúcares totais foram analisados em conjunto, percebe-se que a maioria dos sucos apresentou baixo pH, altas quantidades de carboidratos e elevada acidez, o que os tornam tanto erosivos quanto cariogênicos.
Os resultados permitem sugerir que, se consumidos com freqüência, estes sucos podem contribuir para o desenvolvimento de erosão e cárie dentária.
* Entre as vinte bebidas estudadas estão: Ades (laranja, maçã e abacaxi), Del Valle, Su Fresh, Kapo e Yakult Tonyu.


4) Onde a soja entra nessa história?
O consumo excessivo de soja não-fermentada, mesmo sem o açúcar, pode causar alterações hormonais (puberdade precoce) ou  prejudicar a absorção de outros nutrientes.
Crianças alérgicas não devem consumir soja em substituição ao leite de vaca.
Se o médico prescrever, procure outro que indique fórmula especial para alérgicos ao LV.
Procure também uma nutricionista que elabore cardápio rico em cálcio, sem caseína ou soja. 
Soja pode dar alergia cruzada. Começa bem, até que surgem os probleminhas (otite, roncos no peito, “gripinhas”…), ou problemões  (refluxo, pneumonia, asma…).
Caso tenha realmente que oferecer, procure pelas fórmulas á base de soja , não bebidas ou “leite” de soja vendidos aleatóriamente em supermercados, porque na propaganda garantem que é rica em cálcio. E sequer mencionam que essa “riqueza” toda é artificial.


5) Os bebês e os aditivos químicos
Não é difícil encontrarmos mães ávidas a oferecer industrializados aos filhos de… 4 meses!
O bebê mal entrou na alimentação complementar, precisa de leite, seja materno, ou fórmula, e já está consumindo produtos industrializados na mamadeira. E não apenas uma ao dia, mas duas, três, quatro…
E tudo porque, na propaganda, “a nutricionista do irmão de alguém que aparece por 5 segundos” diz que é saudável e tem cálcio. Ou, na pior das hipóteses, o pediatra “libera” .  Parece tão saudável, o bebê adora, na embalagem afirmam que é rico em cálcio …
Vamos lá, tentar explicar o porquê, se até agora seu bebê tomou e “não fez mal algum”.
Seu bebê é um bebê, é um bebê, é um bebê… não tem jeito. Não é possível lutar com a natureza. E a natureza do bebê é delicada e suave.
Ainda não está preparada para lidar, digerir, quebrar moléculas de aditivos químicos variados,  açúcares ou outros adoçantes artificiais.
6) Mas não para por aí.
Se o fato de ter “um tantão” mais de açúcar, potencialmente cariogênico, no leite ou suco do seu bebê, não a assusta, então pense no sódio.
Aquele mesmo, com o qual alguém da sua família luta incessantemente. Aquele que pode causar graves problemas cardíacos ou renais.
Acredite, é muito sódio para um bebê ou uma criança pequena.
 Em 200 ml do Ades original tem 190mg de sódio, e  6,5 g de açúcar.
Para completar, não dê  mamadeira (de soja ou LV), na hora de dormir. Pela saúde dentária, e também dos ouvidos  ou do trato gastrointestinal (podem ocorrer otites ou refluxo).
Os dentes precisam ser limpos, do contrário, a cárie vai se instalar com maior facilidade.

Por Nana Guimarães

Porque meu bebê não quer comer?


De forma geral, bebês que tomam leite artificial tendem a aceitar outros  alimentos melhor que os que são amamentados. Provavelmente isso se deve ao fato  de o leite humano conter todos os nutrientes e vitaminas que seu bebê precisa,  enquanto o leite artificial não. Está surpresa? Volta e meia, os produtores de  fórmula bombardeiam-nos com campanhas publicitárias enfatizando algum novo  ingrediente que eles acabaram de adicionar ao leite para torná-lo "mais parecido  como leite materno". Nos últimos anos, adicionaram taurina, nucleotídeos, ácidos  graxos polinsaturados de cadeia longa, selênio... O leite que tomamos quando  bebês não continha nada disso. Como eles continuam pesquisando, podemos esperar  mais acréscimos nos próximos anos. O leite que você produz todo dia tem todos  esses ingredientes que o leite artificial passará a ter em 10, 14 e 500  anos.Com o que sabemos atualmente, a coisa mais sensata a fazer é  começar a oferecer outras comidas com 6 meses. Algumas crianças comerão felizes  e provavelmente precisarão dos alimentos. Mas eu disse "oferecer", não  "empanturrar". O bebê fica livre para aceitar ou não. Muitos bebês amamentados  nem querem provar nada até 8 ou 10 meses, às vezes mais. Eles estão felizes e  saudáveis, seu peso e altura são normais, e eles se desenvolvem adequadamente.  Eles obtêm tudo o que precisam do leite materno e não precisam de mais nada.
Isso gera grande ansiedade em mães que amamentam estes bebês entre 6 e 12 meses.  Esses bebês mal provam a comida (uma mordida de banana aqui, uma migalha de pão  ali e um fio de macarrão num dia). A mãe sempre escutará "sua Laura ainda não  come? Olha, você precisa ver minha Jessica, ela adora leite com  cereal".Quem ri por último ri melhor. Bebês amamentados podem levar mais  tempo para aceitar outras comidas, mas quando eles começam a comer, eles  geralmente superam qualquer comercial de alimentos para bebês e passam a atacar  o prato da mãe. No início do segundo ano de vida, o bebê amamentado tipicamente  aceita uma variedade grande de alimentos, tanto na colher como na própria  mão.Alguns agem ao contrário; eles comem comida de bebê por um tempo e  depois mudam de idéia.O que deve ser feito? NADA. Se você deixa como  está, em poucas semanas ou meses o bebê novamente passa a se interessar por  outros alimentos. Se você ao invés disso tenta forçá-lo a experimentar outras  comidas, ou tenta desmamar para que ele passe a comer, provavelmente levará mais  tempo e será muito mais difícil para os dois. (Posso garantir que ele não estará  mamando no seu peito quando ele tiver 20 anos!).

Do livro My child won´t  eat!, de Carlos Gonzáleztradução de Flavia Mandic

quinta-feira, 25 de dezembro de 2014

Algumas razões para adiar o primeiro banho do bebê

Esses dias li uma matéria falando sobre os benefícios de se adiar o primeiro banho do bebê. Como tudo que envolve parto e nascimento me interessa bastante, achei bacana traduzir a matéria para o blog. A original (em inglês) pode ser lida aqui.
Quando Melanie nasceu, ficou alguns minutinhos comigo e logo seguiu com a pediatra para outra sala, onde foi examinada, limpa e tomou seu primeiro banho, pouco mais de uma hora depois de nascer, seguindo os protocolos da maternidade. Voltou para mim algumas horas depois, para iniciarmos nosso contato mãe e filha.
Com Leonardo, quis que fosse diferente. Fiz questão de que ele permanecesse comigo e de que não fosse levado, seja para o banho ou para qualquer outro procedimento. Embora ele tenha nascido com a pele praticamente limpa, não foi esfregado – o que normalmente é feito para tirar aquele aspecto esbranquiçado, o vernix, muitas vezes presente na pele do bebê – e nem tomou banho nas horas que se seguiram após o nascimento. Teve apenas seu corpinho seco por alguns paninhos, enquanto estava no meu colo, e depois já teve suas roupinhas colocadas. Ele nasceu às 07:37 da manhã e foi tomar o primeiro banho somente à noite.
Estudos mostram que não existe indicação médica que determine que o bebê precise tomar banho logo nas primeiras horas de vida. Porém, o que vemos na maioria das maternidades e hospitais, é uma urgência em dar o banho nos bebês, assim que nascem. Mas existem boas razões para adiá-lo, por algumas horas ou até mesmo dias.
O bebê nasce com uma proteção natural na pele, o vernix
Dentro do útero, os bebês têm sua pele protegida do ambiente aquoso por uma substância especial, chamada vernix. Pesquisas recentes mostram que o vernix possui propriedades imunológicas e deixá-lo por mais tempo na pele do bebê fornece uma camada de proteção para o sistema que ainda está se fortalecendo. Alguns bebês nascem com mais vernix, outros com menos. Isso geralmente tem relação com o tempo de gestação até o nascimento, mas não é regra. Resumindo, o vernix é uma substância poderosa e naturalmente hidratante para a pele do bebê.
O líquido amniótico, que esteve em contato com o bebê durante toda a gestação, também apresenta benefícios se mantido por mais tempo na pele. Confere uma proteção extra contra infecções.
O bebê quer estar perto de sua mãe
Assim que nasce, o bebê tem uma grande necessidade de estar o mais próximo possível da mãe, aconchegado em seu peito, sentindo seu cheiro, ouvindo seu coração – da mesma forma que passou todos esses meses ouvindo seus batimentos. Além disso, precisa estar perto de sua fonte de alimentação. Essa proximidade favorece muito o início da amamentação. Quanto antes ela é iniciada, melhor. Tudo isso ajuda o bebê a fazer uma transição menos agressiva da vida intra-uterina para a vida do lado de fora. Afastarem seu bebê de você assim que ele nasce, para o banho, adia esse primeiro contato tão importante entre mãe e filho.
Manter a temperatura corporal
Logo após o nascimento, os recém nascidos precisam descobrir como manter sua própria temperatura corporal e o banho – mesmo que quentinho – pode causar uma queda nessa temperatura. Bebês precisam manter-se aquecidos assim que nascem e o peito da mãe é o lugar ideal (e perfeito!) para isso. Não há berço aquecido nem nada que possa competir com o colo de mãe, definitivamente.
Controlar os níveis de stress e de açúcar no sangue
Ser separado de sua mãe assim que nasce pode ser bem desconfortável para o recém nascido, que normalmente chora e fica mais agitado. Isso faz com que seu corpo libere hormônios ligados ao stress, pode causar um aumento na freqüência cardíaca e na pressão arterial, além de reduzir temporariamente os níveis de açúcar no sangue. Quando o bebê é mantido perto de sua mãe, ele tem uma capacidade maior de regular seus sistemas e manter tudo como deveria estar.
Manuseio com o uso de luvas e ter o primeiro banho dado pelos pais
Considerando que o bebê se sente mais seguro e protegido quando está perto de seus pais, podemos imaginar que essa sensação seja a mesma em relação ao primeiro banho. Na maioria das maternidades é imposto que o primeiro banho seja apenas assistido pelos pais e o segundo, esse sim, pode ter a participação dos mesmos. Além disso, a política dentro da maioria dos hospitais e maternidades é de que os bebês sejam manuseados pelas enfermeiras com o uso de luvas, para minimizar o contato com quaisquer resquícios de sangue, vernix ou líquido amniótico. E ainda, reduzir o risco de infecções. Mas convenhamos que ter o toque de alguém usando luvas não é tão agradável quanto o toque verdadeiro da pele. Na minha opinião, o protocolo poderia ser outro. Os pais deveriam dar o primeiro banho contanto apenas com a assistência das enfermeiras, se assim desejassem.
Como podemos concluir, existem inúmeros benefícios em adiar o primeiro banho do bebê. E essa é uma decisão que deveria caber somente aos pais e não às maternidades ou hospitais.
Texto retirado:
http://www.vidamaterna.com/algumas-razoes-para-adiar-o-primeiro-banho-do-bebe/

quinta-feira, 11 de dezembro de 2014

O Enxoval, Revisto à Luz da Teoria da Extero-Gestação e da Criação Com Apego - Por Adele Doula

A preparação do enxoval é uma coisa que ocupa muito tempo da gestação das futuras mamães. Quantas vezes não recebi ligações de mulheres pedindo desculpas por não poderem vir ao Grupo de Gestantes que organizo, pois precisavam dedicar o fim-de-semana todo à compra do enxoval! Sempre que isso acontece, fico pensando: 'preciso urgentemente escrever um post sobre o enxoval!' rs. Mas não um post comum, sobre o enxoval clássico que se pode achar em qualquer página, e sim um post sobre o enxoval revisto à luz das teorias da Extero-Gestação e da Criação com Apego. Um post com dicas de um enxoval realmente prático e econômico, e que será usado, ao contrário da maior parte dos enxovais que vemos por aí, que servem mais para satisfazer as necessidades de consumo exacerbado de algumas famílias - e sustentar uma indústria de proporções gigantescas - do que realmente atender as necessidades do bebê, e que muitas vezes acabam com pelo menos metade de seus itens guardados ou doados, por não apresentarem real utilidade para aquela família, especificamente.
Espero que gostem do post!
O sono do bebê

De acordo com as teorias da Extero-Gestação e da Criação com Apego, não há muita lógica em se colocar um recém-nascido em um quarto sozinho. Nas primeiras semanas de vida, de todas formas, o bebê urra desesperado assim que é colocado no berço e a mãe se afasta. Isso é um instinto, uma ferramenta biológica, que com o tempo vai desaparecendo, mas nas primeiras semanas de vida, o bebê interpreta o silêncio e a tranquilidade do seu próprio quarto como um sinal de que foi abandonado e está a mercê dos predadores.

Vejo muitos desabafos de mães desesperadas porque o bebê só dorme bem no colo e assim que é colocado no seu lindo bercinho, chora e berra como se o estivessem degolando. Vejo muitas mães extremamente cansadas pois passam a noite toda num incessante vai-se-vem entre seu próprio quarto e o quarto do bebê. E, sobretudo, vejo muitos casais preocupados em "acostumar" o bebê a dormir desde cedo em sua própria cama, o que acaba criando uma situação insuportável onde os pais buscam "vencer" o instinto natural da criança de gritar quando é deixada sozinha (existem até teorias sobre como "treinar" o bebê a dormir sozinho, que eu abomino) e todos, pais e bebês, acabam perdendo, irremediavelmente, nessa batalha: perdendo em qualidade de sono e em qualidade de relações.

A melhor maneira de lidar com o sono do bebê nas primeiras semanas de vida é oferecendo-lhe um ambiente que lhe é agradável. E o que é mais agradável para um bebê recém-nascido? Contato direto com sua mãe, sem dúvida! Umas das ferramentas que salvam muitos pais e mães desesperados nas primeiras semanas de vida do bebê é o sling e, mais especificamente, o wrap sling. O wrap sling permite que o bebê fique em contato direto com seu cuidador, pele a pele, como se estivesse dentro de uma bolsa de canguru. É inegável que a maioria dos bebês experimenta um sono de qualidade inigualável no sling, e muitas mães e pais slingueiros passam horas todos os dias com o bebê pendurado no sling, pois é confortável e deixa as mãos livres.

Existem diversos tipos de sling, de diversos formatos e em diversos tecidos. São inspirados em carregadores de bebês tradicionais de diversas culturas, e têm o propósito simples de manter o bebê em contato direto com a mãe o máximo de tempo possível e de maneira confortável para ambos. Essa proximidade permite uma interação mais sutil e o estabelecimento de um vínculo muito forte entre o bebê e sua mãe, além de permitir que o bebê seja alimentado assim que começa a apresentar os primeiros sinais de fome, em Livre Demanda, sem precisar necessariamente recorrer ao choro. Em consequência, bebês "slingados" tendem a chorar muito menos que seus companheiros "de berço". Os benefícios do contato direto entre o bebê e sua mãe são tão amplos que o sling já foi adaptado até mesmo para ser usado dentro de UTI neonatais com bebês extremamente prematuros, e o Ministério da Saúde apoia a prática, chamada de Método Mãe-Canguru.

Mas então eu vou ter que ficar com o meu bebê no colo 24h por dia? você pode estar se perguntando. Em algumas culturas, efetivamente, o bebê passa 24h por dia no colo, inclusive as horas em que está dormindo. Mas, obviamente, não é no colo de uma pessoa apenas... Geralmente isso acontece em um contexto tribal ou de família estendida, que não é nosso modelo dominante aqui no Brasil. Nossa cultura adota um modelo diferente, no qual o bebê é cuidado por uma ou duas pessoas na maior parte do tempo, e na maioria dos casos, essas pessoas ainda têm que conciliar cuidar do bebê com diversas outras atividades. Então, realmente, não é viável ficar com o bebê 24h por dia no colo...

Nos momentos em que o recém-nascido não pode ficar no colo, carrinhos confortáveis ou cadeiras que balançam sozinhas são uma boa opção: o movimento muitas vezes é a grande diferença entre um bebê calmo e um bebê chorando. À noite, um bercinho ao lado da cama dos pais (sem protetores de berço, por favor!), ou um carrinho tipo moisés permitem reduzir as idas e vindas noturnas, e melhoram a qualidade do sono tanto dos pais quanto do bebê. O recém nascido não precisa de um berço muito grande, nem muito chique: na Finlândia, por exemplo, são utilizadas simples caixas de papelão!

Muitos casais que seguem as teorias da Extero-Gestação e da Criação com Apego optam por colocar seus bebês para dormir em suas próprias camas. Essa prática se chama Cama Compartilhada e os casais que optam por ela precisam se informar bem a respeito de como botá-la em prática de uma maneira segura, tanto para eles quanto para seus bebês. É importante não deixar cobertores soltos, e colocar o bebê preferivelmente entre a mãe e a parede, em vez de no meio da cama. A Cama Compartilhada é praticada em diferentes culturas e, para muitas famílias, é a melhor maneira de conseguir passar pelos primeiros meses - e às vezes até anos - do bebê sem sofrer demasiado com a privação de sono.

A higiene do bebê

Durante as primeiras semanas de vida, o recém-nascido é uma das criaturas mais limpas da face da terra! Ele é trocado assim que faz suas necessidades, nunca entra em contato com o chão nem com superfícies que não foram amplamente forradas e adaptadas para recebê-lo, e muitas pessoas até colocam um pano entre elas mesmas e o bebê para não contaminá-lo com suas próprias sujeiras. Ou seja: nas primeiras semanas de vida, o bebê praticamente não se suja, e não precisa necessariamente ser lavado com água, sabão e shampoo todos os dias. Isso é um ritual dos adultos que não tem muito a ver com as necessidades reais do bebê. A maioria dos recém-nascidos nem gosta de tomar banho, e abre um mega-berreiro assim que os pais começam a despi-lo, rsrs!

O banho, nas primeiras semanas, temuma função mais de relaxamento e lazer do que realmente de higiene. É útil contar com uma aguinha fresca nos dias de muito calor, quando o bebê sua muito. É agradável também contar com um banhinho quente nos dias de frio, quando os músculos ficam tensos. Mas não é necessário fazer uma higiene completa, usar sabonetes e shampoos, como se quiséssemos limpar o bebê sabe-se-lá do que todos os dias.

A banheira ideal para o bebê é um balde. O balde não precisa necessariamente ser um balde específico para banho de bebê, pode ser um balde simples, porém os baldes especiais oferecem algumas vantagens, como serem atóxicos e terem uma base mais firme. A ideia é que o bebê tome seu banho em posição fetal, imerso até o pescoço e com liberdade de movimentos. A banheirinha tradicional, na qual o bebê precisa ser mantido em posição semi-horizontal não é a melhor banheira, pois muitos bebês não gostam nem um pouco de ficarem apoiados em um braço do cuidador enquanto são lavados com a outra mão. Isso dá a sensação de que estão caindo, não passa tanta segurança quanto a posição vertical. Uma boa escolha é fazer a higiene do bebê diretamente no chuveiro, no colo do cuidador, com o corpo do bebê apoiado seguramente no corpo do cuidador, e usar a banheira apenas para os banhos de lazer e relaxamento do bebê, sem se preocupar em ensaboar aqui ou ali.

O trocador é outro investimento questionável. Em muitos casos, ele só é útil nos primeiros dias de vida do bebê, e logo passa a ser uma superfície de acúmulo de bagunças. Em muitos casos, o trocador não tem a altura ideal para facilitar as trocas de fraldas, e também é bastante estreito, o que significa que há riscos do bebê rolar e cair. Muitas mães e pais rapidamente abandonam o trocador e passam a trocar seu bebê encima da cama ou do sofá, locais que permitem que o cuidador também esteja sentado, e que o material seja espalhado ao alcance da mão, além de oferecer mais segurança para o bebê, que pode rolar à vontade sem o risco de acabar no chão.

É muito importante evitar a aplicação de perfumes e cremes com cheiros muito fortes no bebê e também na mãe durante as primeiras semanas após o parto, pois eles mascaram os cheiros naturais que são essenciais para a formação do vínculo mãe-bebê e para a amamentação. Para a limpeza do umbigo do bebê após o parto, é necessário apenas um pouco de álcool 70%, que pode ser aplicado com algodão ou cotonete, de acordo com as preferências dos pais.

As fraldas podem ser de pano ou descartáveis. As fraldas de pano são adaptáveis ao tamanho do bebê, e geralmente se utilizam as mesmas fraldas desde o nascimento até o desfralde. Já as descartáveis precisam ser jogadas fora a cada troca e vêm em tamanhos diferentes, adaptados para cada idade do bebê. É bom não comprar muitos pacotes de fraldas descartáveis tamanho RN, e investir também em fraldas tamanho P e M desde a gestação: alguns bebês surpreendem, nascendo muito maiores ou muito menores do que o esperado, e não é raro os pais terem que sair correndo para comprar um pacote de fraldas de tamanho maior ou menor do que o que haviam previsto inicialmente. A maioria das maternidades brasileiras fornece as fraldas dos bebês durante o tempo em que eles ficam na instituição (geralmente 24h após um parto normal e até 72h ou mais para uma cesária).

Não é necessário passar pomadas ou cremes no bumbum do bebê de maneira preventiva. A única recomendação é que se mantenha o bumbum e os genitais do bebê limpos e bem sequinhos, sempre. Essa higiene pode ser feita com algodão e água morna ou com lencinhos umedecidos que se vendem no mercado. Os cremes e pomadas para assaduras devem ser utilizados apenas com indicação médica, quando o bebê apresenta sintomas como vermelhidão e sensibilidade (assadura). Nesse caso, é bom rever também a frequência das trocas de fraldas, que devem acontecer, de preferência imediatamente após cada evacuação.

Alguns casais optam por simplesmente não usar nenhum tipo de fralda nos bebês. Essa prática, chamada de Elimination-Communication, é baseada no convívio constante e na comunicação com o bebê: os pais aprendem a reconhecer os sinais do bebê que indicam a iminência da evacuação e o colocam então em um penico ou na pia, para que faça suas necessidades em posição vertical e sem fralda. Geralmente, os casais que adotam essa prática têm algumas fraldas para usar quando saem com seus filhos, deixando-os sem fralda apenas quando estão em casa.

As roupas do bebê

Existe no mercado uma variedade inimaginável de roupas e acessórios para bebês. A escolha das roupas obviamente vai depender dos gostos dos pais e da família. Infelizmente, muitas vezes é possível observar que a aparência prevalece e o conforto do bebê acaba ficando em segundo plano. Antes de fazer o enxoval do seu bebê, é necessário pensar em quais são as necessidades DELE.

Evite comprar roupas apertadas, cheias de elásticos ou feitas de tecido sintético ou muito duro, afinal ninguém gosta de estar apertado e passando calor em uma roupa pesada e rígida, não é mesmo? Alguns tecidos e detergentes podem causar alergias na pele delicada do recém-nascido, portanto prefira sempre produtos com poucos corantes e frangrâncias e dê prioridade ao algodão.

Um recém-nascido passa a maior parte do seu tempo deitado de barriga para cima ou nos braços de alguém. Portanto, é importante evitar roupas que tenham botões, nós e outros 'volumes' na parte de trás, e que podem ser desconfortáveis quando se está deitado em cima. Em regra geral, botões de pressão e velcros tendem a ser mais práticos que botões tradicionais. Roupinhas de amarrar são as menos práticas, e podem apresentar um risco para o bebê se as fitas forem muito longas.

Calças e camisetas também têm uma péssima tendência de ficar enrolando e levantando quando o bebê está no colo, o que acaba deixando ele com as perninhas e a barriga expostas. O melhor é priorizar camisetas tipo body, com botões entre as pernas, e calças tipo mijão, com pézinhos, que assim as chances da roupinha enrolar e deixar o bebê exposto diminuem.  É bom escolher roupas que possibilitem trocas rápidas: descarte aquelas que exigem que você vire seu bebê para lá e para cá na hora de vestir (como o pagãozinho da foto acima, por exemplo) e priorize aquelas que têm aberturas apenas na frente ou apenas de um lado. Se viver em uma região de clima frio, assegure-se que as roupinhas de corpo inteiro, como macacões, têm uma abertura entre as pernas, para você poder trocar seu bebê sem precisar despi-lo completamente a cada vez.

É melhor comprar roupas mais baratas para o bebê do que investir em roupas de marca, que às vezes custam mais do que roupas de adulto! O bebê cresce MUITO rápido durante o primeiro ano, e geralmente ele acaba usando sempre as roupas mais práticas e confortáveis que tem, então é muito comum algumas roupas ficarem "esperando" o bebê por um tempão e acabarem pequenas demais, sem nunca terem sido usadas. A partir de 4 ou 5 meses de idade, o bebê começa a engatinhar e passar um bom tempo no chão, e aí a praticidade e facilidade de trocas e lavagens torna-se prioridade na escolha das roupas.

Meias são acessórios muito úteis, principalmente para os recém-nascidos que ainda ficam em posição fetal e acabam com as pernas das calças penduradas e vazias. É bom colocar as meias por baixo da calça ou do mijãozinho, e não por cima: é muito comum os bebês se encolherem e as meias acabarem penduradas nas pontas das calças, bem longe dos pezinhos geladinhos! Algumas mães colocam luvinhas protetoras nas mãos dos bebês. A menos que esteja muito frio, isso não é necessário. Não é incomum os bebês nascerem com as unhas compridas e se arranharem involuntariamente, e muitos pais e mães de recém-nascidos têm medo de machucar seus bebês ao cortar-lhes as unhas, mas colocar luvas em suas mãos para evitar que se machuquem não é a melhor solução, já que o bebê nasce com uma necessidade muito grande de sucção, e sugar as próprias mãos é uma das primeiras maneiras de se auto confortar que o recém-nascido desenvolve. (Para dicas sobre como cortar as unhas do seu bebê, clique aqui)

Alimentação do bebê

   Segundo a OMS, o recém-nascido deveria ser alimentado apenas com leite materno durante os primeiros 6 meses de sua vida, sem nenhum tipo de complementação. Isso significa: sem água, sem chás, sem leite em pó, sem vitaminas nem engrossantes de nenhum tipo. Por isso, já é possível eliminar do enxoval desde já todas as mamadeiras e chuquinhas. Caso seja preciso complementar a amamentação (e isso é muito raro), a complementação deve ser feita no copinho ou através de uma sonda, e sempre sob orientação de um pediatra. Mamadeiras não são indicadas nunca!

Os bebês tem uma maneira única de sugar o seio, que não é reproduzida por nenhum bico artificial. Chupetas, chuquinhas, mamadeiras, bicos de silicone, mesmo os que se auto intitulam "anatômicos", na realidade não conseguem simular a pega que o bebê precisa fazer para mamar ao seio. Por isso, é muito comum acontecer o que se chama de confusão de bicosquando um desses apetrechos é introduzido na rotina de um bebê. Não é recomendável que nenhum desses objetos faça parte de sua lista de enxoval, assim como não é necessário comprar nenhum tipo de complemento para o bebê, nem nenhum tipo de pomada para os seios.

A amamentação nem sempre é fácil: muitas vezes os bebês têm MUITA dificuldade de acertar a pega correta e as mães ficam com os mamilos machucados (um é causa direta do outro). A solução para isso nunca é introduzir um bico artificial até o seio sarar, nem passar pomadas para curar as feridas, e sim analisar as causas dessas feridas e intervir diretamente ali. Para isso, é recomendável entrar imediatamente em contato com uma consultora de amamentação (geralmente elas trabalham nos Bancos de Leite Humano) assim que as feridas aparecem, geralmente ainda na primeira semana de vida do bebê.

A amamentação é a atividade que vai ocupar a maior parte do seu tempo nos primeiros meses de vida do seu bebê. Então, é importante que você esteja sempre MUITO confortável na hora de amamentar, e seu bebê também. Vale a pena investir em uma almofada de amamentação, dessas em formato de U, que dão um bom apoio para o bebê e permitem diminuir muito as dores nos braços e nas costas nas primeiras semanas após o parto. Pode ser interessante também investir em uma poltrona de amamentação, mas não é imprescindível. 



O transporte do bebê


A partir do momento em que você tem um bebê, a lista de itens indispensáveis a ter com você o tempo todo durante deslocamentos aumenta consideravelmente.

Afinal, seu bebê não vai esperar chegar em casa para fazer aquele mega cocozão, nem para dar aquela golfada gigantesca que vão necessitar de uma troca completa de roupas, não é mesmo?

A bolsa do bebê é um item muito importante. Dentro dela, devem caber pelo menosuma troca de roupas completa para o bebê (ter uma camiseta de reserva para a mãe também não é uma má ideia), várias fraldas e alguns brinquedos além, é claro, dos paninhos de boca (fraldas de pano e babadores), lencinhos umedecidos e algodão e álcool para fazer a limpeza do umbigo. Também é importante ter um casaquinho e uma manta para aquecer o bebê, em caso de tempo frio. A grande maioria das bolsas para bebês já vem com um forro acolchoado impermeável para trocar o bebê. Algumas bolsas para bebês incluem também divisórias para a mãe colocar seus pertences pessoais, tornando-se assim uma 'bolsa mamãe-bebê' e possibilitando mais praticidade, uma vez que reduz a quantidade de volumes a serem carregados. Existem hoje no mercado bolsas para bebês tão incríveis, que até se desdobram para formar um bercinho!

É importante lembrar que, no Brasil, existe uma lei que proíbe que crianças menores de 7 anos sejam transportadas em veículos automotivos sem uma cadeira apropriada. A Resolução nº 277, de 28 de maio de 2008, do Conselho Nacional de Trânsito (Contran) é conhecida como Lei da Cadeirinha, e seu descumprimento prevê multa gravíssima de R$ 191,54, além da perda de sete pontos na Carteira Nacional de Habilitação (CNH) e retenção do veículo até que o assento seja colocado. Essa lei se aplica desde o momento em que o bebê sai da maternidade, portanto o bebê-conforto é um item indispensável do enxoval.

O que comprar, o que não comprar

Berço: Não é necessário. Nas primeiras semanas, um moisés ou carrinho dá pro gasto. Depois, é possível optar pela cama compartilhada, pelo berço anexo à cama dos pais ou pelo quarto sem berço.

- Carrinho: Pode ser útil ou inútil de acordo com a realidade de cada família. Quanto mais simples o carrinho, mais prático ele acaba sendo.

Cadeirinhas: Necessário. Precisa de pelo menos uma cadeirinha de transporte tipo bebê-conforto. As cadeirinhas que balançam sozinhastambém são bem úteis para acalmar os bebês.

Carregadores: Muito úteis. Prefira sempre o sling ao canguru, que não dá o devido suporte para a coluna e quadril do bebê.

- Mamadeiras e chupetas: Totalmente inúteis. Prejudicam a amamentação, o desenvolvimento da criança e causam desmame precoce devido à confusão de bicos.

Brinquedos: Nas primeiras semanas de vida do bebê, inúteis. Até três meses, mais ou menos, o bebê ainda não se interessa por objetos, e prefere definitivamente a interação com outros seres humanos. A partir dos três meses, ao adquirir mais coordenação motora, ele começa a se interessar por qualquer coisa que possa ser enfiada na boca e mastigada (sobretudo quando os dentes começam a aparecer). Atente para a idade recomendada e as dicas de segurança na embalagem antes de entregar qualquer brinquedo ao bebê.

Produtos de higiene: São necessários apenas um sabonete líquido que possa ser usado como shampoo, algodão, álcool e lencinhos umedecidos. Um creme hidratante sem fragrância pode ser útil em regiões onde o clima é seco, mas não é imprescindível. Não é necessário fazer estoques de pomadas para assaduras.

Andadores e cadeirinhas Bumbo: Ambos são desaconselhados, por forçarem o bebê a ficar em uma posição para a qual seu organismo ainda não está preparado, desrespeitando o ritmo natural de seu desenvolvimento neuropsicomotor. A Sociedade Brasileira de Pediatria começou umacampanha contra o uso do andador, que causa acidentes gravíssimos, e até letais, todos os anos. Se você quiser muito uma cadeirinha tipo andador, é melhor comprar uma dessas cadeirinhas fixas, como a Jump-a-roo.

Espero que tenham gostado das dicas!

Um grande abraço

Texto retirado:


terça-feira, 9 de dezembro de 2014

Por que não fazer exame de toque? - Por Kalu Brum

exame-toque
Um dos procedimentos de rotina dos pré-natais é o exame de toque, independentemente da idade gestacional. Mas este procedimento, como a maioria dos exames e intervenções, só pode trazer benefícios quando não é banalizado.
O exame de toque serve basicamente para avaliar a evolução da dilatação no trabalho de Parto, apresentação do útero e posicionamento do bebê.  O que esperar de uma mulher com 24 semanas? Que o colo esteja grosso e fechado, o bebê na posição que desejar (não estará encaixado) e alto. E se a mulher não apresenta qualquer queixa, para que realizá-lo?
Se uma mulher apresentar contrações prematuras, vale avaliar se as mesmas indicam um trabalho de parto precoce. Aí sim, depois de investigar se não se trata de contrações sem ritmo (Braxton), infecção urinária, pode-se fazer um exame de toque. Mas ele é mera especulação.

A
companhei uma gestante que com 32 semanas fez o exame de toque e o médico verificou que ela tinha 2 cm de dilatação e colo afinado. Ela tomou corticóide para amadurecer o pulmão do bebê no risco de parto prematuro. Com 35 semanas, se não me falha a memória, tinha 3 ou 4 cm. Mas sem contrações ou seja não estava em Trabalho de Parto. Teve um parto natural com 39 semanas.
Então, o que o exame de toque adiantou? Nada.
Em trabalho de parto a questão do exame de toque é uma faca de dois gumes. Ele é feito para protocolar a mulher que deve dilatar X cm por hora. Quando estaciona em X cm considera-se parada de progressão e aí vem as medidas intervencionistas. Uma analgesia para ver se a mulher ( e o útero) relaxam e a dilatação progride ou ocitocina para ajudar nas contrações. A medicina tradicional desconsidera os fatores emocionais.
Imagine que você está com uma sensação de grande dor e passou 5 horas com determinada dilatação. Medem novamente e você não saiu do lugar. Essa informação vai fazer com que a mulher desista pensando que, se em X horas ela não dilatou, precisará de mais X para parir. E na mente dela ela decreta: não vou agüentar.
Mas o que acontece é que a dilatação não é tão precisa. Existe a relação ocitocina X adrenalina. Se quiser aumentar a dilatação é preciso aumentar a ocitocina natural. E para aumentar a ocitocina é preciso de:
- Pouca Luz
- Silêncio
- Privacidade
- Não observação
- Ambiente quente e confortável
- Beijo na boca do marido
- Massagem
- Paz
Luciana Costa secretando Ocitocina Natural
Luciana Costa secretando Ocitocina Natural
Quando a mulher pára de dilatar é aí que aumentam o monitoramento, a observação e a adrenalina da mulher (e da equipe) vai nas alturas inibindo a ocitocina.
Lá vem a ciência solucionar problemas para os quais ela mesma causou. Ocitocina sintética, dor, adrenalina, anestesia, mais ocitocina. Uma vez que a ocitocina sintética entra na corrente sanguínea da mulher, toda a ocitocina que ela liberaria naturalmente, antes, durante e depois do parto é bloqueada.
E isso significa o que?
Que depois do parto, momento em que é necessária a liberação do hormônio para criar vínculo com o bebê, segundo o obstetra Michel Odent é o êxtase (coquetel de hormônios que sentimos no pós parto que faz com que criemos vínculo de amor com a cria) ele não se faz presente.
A ocitocina é um hormônio natural presente e fundamental para a hora do parto. Em grande parte dos partos normais em todo o planeta, para acelerar a contração do útero e tornar o parto mais rápido, a ocitocina é usada de forma padronizada, é o caso do Brasil. O famoso “sorinho” torna as contrações extremamente fortes e doloridas, levando muitas vezes a alteração do batimento cardíaco do bebê, fazendo-se necessário o uso de anestesia e as cascatas de intervenções físicas e medicamentosas.
Segundo Odent, por ser um hormônio, a ocitocina passa pela barreira placentária e chega à corrente sanguínea do bebê, atingindo o cérebro da criança. Segundo o obstetra, o uso da ocitocina sintética pode gerar seres humanos mais agressivos por ser um hormônio diretamente ligado a socialização. Ele o chama de “hormônio do amor”, porque está presente na relação sexual, na amamentação e no parto e pós parto, facilitando a relação instintiva entre mãe e filho.
Outra conseqüência é a incapacidade ou dificuldade de produzir ocitocina em outros momentos da vida, uma vez que sua versão sintética bloqueia a produção de ocitocina natural. Atingindo o cérebro da criança, este ser humano pode ser incapaz de produzir este hormônio, tanto na hora do parto, como em outras situações de sua vida. Sem a produção de ocitocina ficamos incapacitados de sentir prazer.
Voltando para a questão do toque, já vi o procedimento ser bem usado em algumas ocasiões. Em um Parto Domiciliar bastante demorado (mais de 30 horas) avaliou-se a possibilidade de romper a bolsa uma vez que a mulher estava com dilatação completa e o bebê não descia. Para saber se o bebé estava alto e a evolução do parto depois de tanto tempo, para que a família e parteiras avaliassem uma possível transferência, optou-se pelo rompimento artificial da bolsa e o bebe nasceu.
Outro caso, a mulher estava bem cansada e quis saber a quantas andava a evolução do parto. A enfermeira avaliou 8 cm e um rebordo de colo. Segurou o rebordo e o bebê nasceu uma hora depois.
Então, como tudo na vida, bem usada a intervenção pode apresentar benefícios. A banalização é que causa problemas.
Vale o alerta de que muitos obstetras não humanizados costumam descolar as membranas para acelerar o início do trabalho de Parto por volta das 39 semanas. Algumas vezes não avisam que vão fazer e nem a finalidade. E só é possível fazer isso quando se faz toque (geralmente um toque dolorido).
No Trabalho de Parto, com médicos não humanizados, exame de toque pode levar o médico romper a bolsa sem a mulher querer.
Não aceitar o exame de toque é se poupar disso também. Perto do parto saber que o colo está amolecido e com X cm pode causar ansiedade.
Sem contar que, mesmo com luva, fazer toque aumenta o risco de infecção, principalmente se a mulher estiver com bolsa rota. Mas experimente estar com bolsa rota  para saber quantos exames de toque vai receber. Parece que muitos médicos só aprendem a fazer cesárea, toque e ultrasson para serem obstetras.
Vou deixar bem claro que não sou “contra” os procedimentos. Nem uso de ocitocina, nem anestesia. Todo e qualquer procedimento quando banalizado representa risco. Por exemplo, locais em que não há assistência obstétrica ou aqueles com índices altos de cesáreas possuem índices de morte neonatal e infantil semelhantes. Ou seja, a falta de recursos ou excesso (mal utilizados), são prejudiciais.
A princípio devemos acreditar que nosso corpo tem plena capacidade de parir, sem drogas e intervenções, mas se abrir para a possibilidade de valer-se de recursos quando acabarem as forças físicas e emocionais para prosseguir.
Na minha opinião um parto com analgesia (pouca) e ocitocina (pouca) é melhor que uma cesárea. Uma cesárea para salvar vidas.  
O risco, em tudo, é a banalização.
Texto retirado de: 

segunda-feira, 8 de dezembro de 2014

Toda criança faz manha... Até as francesas


As mães francesas viraram um mito no Brasil depois do sucesso do livro “Crianças francesas não fazem manha” (Fontanar), escrito pela jornalista americana Pamela Druckerman. Mães brasileiras, sobretudo as de primeira viagem, devoraram o best-seller como se os pais do país europeu soubessem todos os segredos para ensinar um bebê a dormir a noite toda e uma criança a se sentar comportada à mesa. Eis que a psicoterapeuta francesa Isabelle Filliozat, criadora da Escola de Inteligência Emocional e Relacional, decreta que toda criança faz pirraça e que este, na verdade, é seu modo de se expressar. Ela defende a tese no livro “Já tentei de tudo” (Sextante), que acaba de ser lançado no Brasil e ensina como lidar com birras, manhas e ataques de raiva de crianças de 1 a 5 anos.

O que é a pirraça?

É uma reação de estresse. O cérebro está sobrecarregado com excesso de estímulos. A criança não tem mais energia e não tem mais como cooperar. Seu neurônio motor queima, indo em todas as direções. É como uma tempestade no cérebro. É a solução que o cérebro dela encontra para liberar as tensões. A birra pode ser ativada por uma frustração, mas essa última frustração é apenas o gatilho, não a causa. Quando o leite está fervendo, ele transborda, não adianta tampar. Melhor ir direto na causa: desligar o fogo. É o que acontece com a birra.

O que fazer quando seu filho faz aquela clássica pirraça num shopping, quando os pais têm vontade de sumir?

Primeiro respire. E direcione seu olhar para longe das pessoas, para impedir qualquer julgamento. Esse é um cuidado que temos que ter conosco. Em seguida, leve a criança para fora, um estacionamento, por exemplo, e a abrace com carinho.

É possível dar fim à birra?

Em primeiro lugar, não podemos estimular a birra. Não devemos deixá-los esgotados, levá-los a lugares com excesso de estímulos (shoppings). Depois da escola, é sempre bom ir para uma praça ou um playground, onde possam correr livremente. Dê sempre bastante água para que seus neurônios fiquem irrigados, faça uma alimentação saudável (açúcar, creme de leite e certos aditivos podem desencadear acessos de raiva).

Qual a importância de estimular a produção de hormônios como a oxitocina?

A oxitocina ajuda a criança a se sentir feliz, calma, bem. Ajuda a equilibrar a adrenalina e o cortisol, os hormônios do estresse. Podemos estimular sua produção ao beijar, tocar, massagear, dizer palavras de carinho, olhar com atenção. Mas ela não é o único hormônio bom para o comportamento da criança. Podemos estimular também a dopamina (alegria) e a serotonina (calma, harmonia).

Muitas mães brasileiras leram “Crianças francesas não fazem manha” e acreditaram que os pais francesas são seres evoluídos. O que achou do livro?

Não li ainda. Mas não podemos generalizar. Crianças francesas fazem manha, sim, e muitas mães entram nesse jogo de poder. A maioria dos pais franceses é autoritária, o que é muito pouco eficaz. Todos os pais têm uma tendência a olhar para os outros pais e se comparar. Eles se questionam como o outro é capaz de gerenciar os problemas de forma tão melhor. A verdade é que é muito difícil ser pai e mãe.

Os pais hoje dão mais atenção aos smartphones que aos filhos?

Sempre espero que os pais não deem mais atenção aos seus smartphones do que aos próprios filhos, mas muitas crianças não veem desse jeito. Se, durante a brincadeira, você atende o telefone, elas pensam exatamente isso: sentem-se substituídas. Precisamos de um brecha que seja ao longo do dia para nos dedicarmos totalmente aos nossos filhos — se possível, uma hora e meia de atenção exclusiva. Um estudo mostrou que 30 minutos de brincadeira por dia irão reduzir consideravelmente o nível de cortisol (hormônio do estresse) no sangue da criança.

Se fosse dar apenas um conselho aos pais, qual seria?

Seriam dois. O primeiro é: oamor não é uma recompensa, é combustível. O segundo é: em vez de dar uma ordem, faça uma pergunta. Exemplo: “Como está o tempo hoje? Qual sapato podemos botar?”. Funciona melhor do que dizer: “Coloque suas botas”.

Por: O Globo