terça-feira, 25 de novembro de 2014

20 dicas para escolher a creche ou escolinha ideal para o seu filho


A hora de voltar ao trabalho e escolher uma creche ou escolinha para deixar o bebê ou o filho pequeno é um dos momentos mais difíceis para uma mãe. São muitos itens que os pais precisam observar na hora de escolher o melhor lugar para deixar seus filhos.
Para os bebês, é importante questionar se é possível levar o leite materno congelado para ser servido ao bebê e, é claro, como ele será armazenado, aquecido e servido pelas educadoras. Já para os bebês com mais de seis meses e crianças maiorzinhas, é importante observar o tipo de alimentação que é servida no local, ou seja, se oferecem frutas, sucos naturais e deixam de fora alimentos nada saudáveis como salsichas, refrigerantes, doces, entre outros itens que não devem fazer parte do cardápio dos pequenos.
Antes de escolher a escolinha, os pais também devem observar a higiene do espaço, ou seja, visitar a cozinha e analisar itens básicos de limpeza como, por exemplo, o uso de touca por parte das funcionárias do setor e os cuidados que tomam ao manusear e servir os alimentos. Muitas escolas estão agora nas férias de julho, mas estão com as matrículas abertas para novos alunos. Então, o Maternar fez uma lista com os 20 principais tópicos que devem ser observados na visita das escolinhas. Confira a seguir:

  1. Alimentação. Ideal é visitar as escolas nas horas das refeições para ver como o alimento é servido, se a alimentação é saudável. Dê preferência para escolas que contam com nutricionistas no preparo do cardápio. Ficar atento se é preciso levar ‘lanchinho’ ou pagar taxas extras ou se está tudo incluso.
  2. Leite materno. Questionar se a escola aceita levar o leite materno. Se os pais não querem que o filho use mamadeira que pode causar confusão de bicos e o bebê largar o seio materno, podem optar que o leite seja servido, por exemplo, em copinho. Importante saber se a escola também aquece o leite materno em banho-maria. Algumas escolas oferecem o ‘cantinho da mamãe’ para aquelas que podem ir na hora do almoço, por exemplo, amamentar o bebê.
  3.  Número de cuidadores por bebê. Não há uma regra de quantos cuidadores podem cuidar de um bebê, mas vale o bom senso dos pais ao observar o berçário e como as cuidadoras lidam com o número de crianças.   Segundo o Conselho Nacional de Educação, cada um deve cuidar, no máximo, de seis a oito crianças de até 2 anos, de 15 crianças até 3 anos e de 20 crianças de 4 até 6 anos.
  4. Formação dos cuidadores. Vale questionar se as cuidadoras têm pedagogia, se tem cursos de primeiro-socorro e qual é a proposta pedagógica da unidade.
  5. Choro do bebê. Pais devem observar e questionar se os cuidadores acolhem o bebê no colo ou se deixam ele chorando sozinho no berço ou na cadeirinha de balanço.
  6. Horário da soneca. O horário da soneca é igual para todos ou permitem que o bebê durma o quanto quiser? Principalmente para os pequenos, é importante manter a rotina do sono que têm em casa.
  7.  Atividades propostas. Perguntar qual a proposta pedagógica da escola, quais são as principais atividades para cada faixa etária, quais os brinquedos que ficam à disposição dos pequenos. Para os maiores, ver se há cursos como inglês, música, judô, natação, balé estão inclusos.
  8.  Uso da TV para distrair as crianças. A medida não deve ser usada, principalmente, para crianças menores de dois anos. Ideal é buscar escolas que tenham propostas de brincadeiras e atividades lúdicas para bebês e crianças.
  9. Banheiro. Os banheiros tem vasos sanitários pequenos para as crianças? Como é feito o desfralde e a partir de que idade. Ideal é que a escola, assim como os pais, respeite o tempo da criança.
  10.  Sistema de troca de fraldas e banho. Importante observar se as funcionárias usam materiais descartáveis, se usam luvas na troca de fraldas e se a troca de fraldas é feita com algodão ou lenços umedecidos. Observar se a escola pede para cada bebê levar a própria banheira ou se optam em forrar a da escola com material descartável. Questionar também se o banho é dado a cada vez que o bebê faz cocô.
  11.  Berço individual. O ideal é que cada criança tenha seu berço para a soneca com a sua própria roupa de cama. Se isso não é possível, o lençol deve ser trocado para que cada criança tenha o seu.
  12.  Banho de sol. Checar se a escola tem espaço para banho de sol e que o horário ele acontece. De manhã, ele deve ser até as 10h ou de tarde após as 16h.
  13. Uniforme. A partir de que idade é obrigatório, onde adquirir, valores.
  14. Piscinas, escadas, parquinho com balanças. Se existirem na escola, observar quais são os procedimentos de segurança para que as crianças não tenham livre acesso a locais perigosos. Observar se o parquinho está em bom estado de conservação.
  15.  Crianças doentes ou machucadas. Questionar se a escola medica ou liga para os pais antes para saber quais medicamentos ela pode tomar ou se eles preferem busca-la. Perguntar também os procedimentos adotados em caso de emergência, como engasgamento, queda grave, convulsão. Observar se a escola exige a caderneta de vacinação já que há pais que optam em não vacinar seus filhos
  16.  Controle de entrada e identificação de pessoas. Importante observar como funciona a portaria da unidade.  Qualquer pessoa pode entrar e buscar a criança? Como é feita a identificação dos responsáveis.  Questionar a direção se os pais podem entrar a hora que quiserem na unidade e se há flexibilização de horário, ou seja, se pode buscar o filho mais cedo ou mais tarde.
  17.  Férias e feriados. Escola emenda todos os feriados? Como funciona nas férias de julho e janeiro? Verificar o calendário escolar para verificar como adaptar os dias de funcionamento da escola com os seus no trabalho.
  18. Valores e taxas extras. Os pais devem questionar os valores não só das mensalidades, mas de taxas extras, como de materiais, cursos de férias, taxa de alimentação, entre outros que podem vir a ser cobrados depois.
  19. Localização da escola. Antes de bater o martelo, os pais devem escolher também a escola em um lugar de fácil acesso, ou seja, ou próximo da casa ou do trabalho deles. Dessa maneira fica mais fácil organizar a rotina da casa fora que é mais fácil chegar até a criança em caso de algum contratempo.
  20. Não existe escola perfeita. Dificilmente você vai achar uma escola que se encaixa em todos os pré-requisitos que você deseja, mas escolha aquela que tem mais a ver com a sua maneira de criar e educar seu filho, que esteja mais dentro dos seus valores. Boa sorte!

http://maternar.blogfolha.uol.com.br/2014/07/10/20-dicas-para-escolher-a-creche-ou-escolinha-ideal-para-o-seu-filho/

Filtro de Besteiras! - Por Chris Nicklas



Com a ajuda de minha parceira, a psicóloga e consultora em aleitamento materno, Bianca Balassiano, fiz um compilação das mais frequentes besteiras que as mães correm o risco de ouvir da boca dos pseudo profissionais do aleitamento materno. Aí vai a lista:
1-Vamos ver se você tem leite!
Hello!!!! O que mais eu teria nas mamas?! Gasolina?! A pergunta correta é: -Vamos ver se a pega do neném está correta, pois isso sim pode afetar a produção de leite!
2-Coloque os dedos em forma de tesoura na mama na hora de amamentar
Já sabemos que essa técnica pode atrapalhar o neném a fazer a pega correta pois às vezes sem perceber a mãe afasta a aréola da boca do neném. Por isso o indicado é fazer da mão uma pinça. ( quatro dedos abaixo da mama, dando suporte, e o polegar em cima )
3-Não coloque o neném deitado para mamar no peito pois pode causar otite!
Está comprovado que mamar deitado no peito não causa otite. O que causa é mamar a mamadeira deitado! Tudo em função do movimento da boca que é completamente diferente em um caso e em outro!
4-Não agasalhe o neném para ele não dormir durante a mamada
O neném, principalmente o recém nascido, dorme sim entre as mamadas. Imagine que você acabou de nascer, que já é em si um fato dramático, e ainda tem que passar frio pra não adormecer, oi?! Cuide com carinho de seu filho e deixe ele mamar no ritmo dele. Às vezes ele pode se cansar, afinal o esforço físico ao mamar é gigante para ele, e precisa descansar um pouco para depois recomeçar a mamada.
5-Se ele dormir acorde-o
Acho que a resposta anterior cobre essa também, né?
6-Seu neném é preguiçoso! Por isso não mama!
Não, ninguém nasce preguiçoso! Como eu disse, cada um tem seu ritmo! E esse ritmo vai também se modificando com o tempo, conforme o neném cresce. Observe, respeite e, principalmente nos primeiros meses, se faça disponível. É tudo que o seu filho precisa!
7-O leite ainda não desceu, é SÓ o colostro!
Como só o colostro?! Essa é a primeira vacina que seu filho recebe e acredite: é uma verdadeira bomba de potência! É importantíssimo para a saúde do seu filho. Além disso ajuda no funcionamento do intestino do neném que nunca recebeu nada para ser digerido. Ele foi feito pela natureza para fazer o organismo do seu filho começar a funcionar sem problemas! Não menospreze sua importância e diga: – Que bom aí vem o colostro!!!!
8-Seu neném está chorando de fome, melhor dar um complemento…
Dê o peito à vontade, acredite no aleitamento materno, você é um mamífero. Se você estiver insegura procure um profissional, competente e bem indicado, que te ensine a corrigir a pega do neném. Se a pega estiver errada o seu neném corre sim o risco de sair do peito ainda com fome, mas isso não quer dizer que você não é capaz de produzir leite suficiente para ele! Assim que você da um complemento o desmame começa e a sua produção de leite sempre estará em descompasso com o tamanho da fome do bebê.
9-Não deixe o bebê o tempo todo no colo senão vai ficar mimado!
Nenéns precisam do aconchego da mãe. O batimento cardíaco, o cheiro, a voz, a respiração da mãe são referências muito fortes para o bebê desde a barriga. Tudo isso o deixa mais calmo. Faça o que a sua intuição manda.
10-Não dê de mamar toda hora senão não dá tempo pro peito encher!
O peito não precisa estar cheio. Isso não é prova de que você tem leite. A mama não é um reservatório, é uma fábrica. Por isso ela produz o leite na hora que o neném começa a mamar. Inclusive depois dos três primeiros meses, se tudo estiver correndo bem, a mama praticamente vai voltar para o seu tamanho original e isso não quer dizer que o leite secou! Muitas mães se assustam com essa mudança e dão a mamadeira com complemento por se sentirem inseguras. Calma! O leite desce na hora que o neném mamar. E o que comprova que a produção está suficiente é o peso e o desenvolvimento do bebê e não o tamanho da mama, ok?
11-Quinze minutos em cada peito e basta! Se chorar mais é manha.
Esqueçam o relógio! O neném precisa chegar ao final da mamada para ingerir mais gordura. O tempo de cada bebê é diferente. Não tente padronizar seres humanos. Somos únicos.  Se você limitar o tempo de mamada seu filho não vai engordar! Deixe ele mamar à vontade até capotar! Ficar bem molinho e sonolento. Este é o sinal de que está saciado.
12-A mãe não pode comer chocolate, café, repolho ou feijão!
Não está comprovado cientificamente que essas coisas fazem mal ao bebê. Cada mãe vai ter que observar como sua dieta afeta o seu filho. Pode ser que para uma o feijão cause gases na criança e para outra não. O principal é não exagerar. Na coluna da Dra Ana Heloísa Gama ela explica melhor se a dieta da mãe afeta o bem estar da criança.
13-Seu leite é fraco, por isso o bebê não engorda!
Não existe leite fraco! Todas as mães produzem leite com a mesma “fórmula”. Isso já está comprovado cientificamente. Se o bebê está com dificuldades para ganhar peso é por que está fazendo a pega errada e a produção de leite demora mais a subir. Procure uma consultora em Aleitamento Materno e aprenda a ensinar seu filho a abocanhar a aréola toda! Essa é a grande dica!

Não fique chocada se você ouvir qualquer uma dessas coisas da boca de um profissional da saúde. É mais comum do que você imagina. A cultura do aleitamento é algo que o Brasil vem tentando recuperar e ainda há muita falta de informação. Mas vamos chegar lá!
http://www.amamentareh.com.br/filtro-besteiras/

segunda-feira, 24 de novembro de 2014

"Desculpe-me por ser criança" - Quando o mundo não acolhe osvulneráveis - Por Ligia Moreiras Sena

Tudo o que muitos de nós querem hoje é fazer parte de um mundo menos violento, mais equânime, onde todos sejam respeitados e acolhidos em suas diferenças, dificuldades e vulnerabilidades. E queremos isso porque vivemos no oposto. Em meio a individualismos extremos e de negação do outro. Onde o tempo é servo do produtivismo. Em meio à fragilidade dos laços humanos, dos vínculos líquidos baseados em desconfiança, competitividade e egocentrismo. Eu sei que dói ler isso, afinal é de nós que estamos falando, de mim, de você, de nossos pares, e não é nada legal reconhecer que, não, não somos toda essa maravilha de espécie biológica que nos fizeram crer que somos apenas porque temos um tal de neocórtex altamente desenvolvido.
Mas olhe, vá por mim. Se nós queremos um mundo um tantinho mais bacana, menos violento, mais empático, é bobagem achar que é o outro quem vai ter que fazer isso. Ou que é "a sociedade". Não é. A sociedade é você. Sou eu. Somos nós. Nós é que vamos ter que mudar. Revendo conceitos, colocando a mão na massa, mudando atitudes, tornando-nos pró-ativos, assumindo a parte que nos cabe em cada latifúndio desse imenso território chamado vida.
Nesse processo de mudança, é imperioso que privilegiemos os vulneráveis. Aqueles que não desfrutam de autonomia para decidir por si e reivindicar seus próprios direitos. E que, por não serem sujeitos de sua própria autonomia, têm suas diferenças transformadas em uma desigualdade que pode sujeitá-lo - e que de fato o tem sujeitado - a situações de ainda mais opressão, julgamentos e exclusões.
Como as crianças. 
Precisamos falar sobre as crianças...
Crianças são vulneráveis. Crianças não podem proteger a si mesmas, de forma que precisam que seus cuidadores as protejam e defendam seus interesses.
Crianças choram. Crianças não entendem coisas que para nós são absolutamente fáceis de entender - ou deveriam ser. Crianças, especialmente os bebês, ainda não adquiriram noção de protocolo social, de práticas socialmente aceitáveis, de que tempo é dinheiro, de que não se faz xixi ou cocô apenas em determinados lugares e de que "é preciso" mentir sobre a indelicadeza recebida apenas para fazer o social. Crianças podem se sentir amedrontadas e acuadas em ambientes fechados, pequenos, cheios, desconhecidos, onde pessoas estranhas estão sentadas ao seu lado, onde precisarão ter seus movimentos cerceados, onde não poderão mexer, correr, gritar. Pode parecer surpreendente para alguns. Mas crianças choram, correm, mexem, gritam, perguntam seu nome, quantos anos você tem, se a moça ao seu lado - que você nunca viu - é sua namorada ou que cheiro estranho é esse que você chama de perfume. Acredite você ou não, é isso o que uma criança faz.
Portanto, se você estiver em um avião e uma criança chorar, saiba que ali há uma criança sendo criança. E não só. Também há um adulto constrangido e tentando contornar a situação. Pouco importa se você não dormiu na noite anterior, se está indo para um compromisso tenso ou se está querendo curtir a música do seu IPad. Eu sei que parece cruel com você dizer isso, mas essa é a verdade: pouco importa. Porque assim como você, ali estão cerca de 100, 150 pessoas não vulneráveis que têm diferentes necessidades naquele momento, e as suas são apenas algumas delas. Não as mais importantes. Naquele mundo bacana do início do texto, é regra que privilegiemos em nossas atitudes justamente os vulneráveis. Aqueles que precisam que NÓS os protejamos, os cuidemos, zelemos por sua integridade física, psíquica, material. Ainda que você não tenha filhos, ainda que não os queira ter, saiba que é também sua a responsabilidade por aquela criança que está chorando ou irritada por não poder andar, correr, brincar. E isso não é um pensamento moderninho, fruto desse "modismo" (jura?) de pensar no bem estar das crianças. O ditado africano "É preciso toda uma aldeia para criar uma criança" não é novo, é até bem antigo. E absolutamente verdadeiro. O seu comportamento, a forma como você irá se posicionar em um momento como esse ajudará a manter o mundo violento ou a transformá-lo em um local gentil. A sua indiferença, raiva e hostilidade farão algumas vítimas: a criança, os cuidadores, os demais passageiros. A criança não vai parar de chorar apenas porque você assim deseja e seus pais ficarão muito desconfortáveis e sem graça por não conseguirem fazer com que ela obedeça ao seu desejo. Um pai e uma mãe desconfortáveis ou sem graça transfere esse sentimento diretamente para a criança. Então, sinto lhe dizer, mas a chance de que o choro aumente é grande... Mas o seu acolhimento, compreensão, empatia e gentileza podem ajudar a melhorar esse pequeno mundo chamado "voo". Uma palavra amiga. Um gesto gentil. Uma oferta respeitosa de ajuda. Um copo de água para o cuidador. A oferta de um brinquedo, caso você tenha algum por ali. Uma mão no ombro dizendo: "Criança chora mesmo, não se preocupe, nós entendemos". Isso pode mudar tudo, inclusive a você mesmo. Num mundo bacana, é você quem precisa amparar o vulnerável. E não o vulnerável te presentear com balas e um pedido de desculpas por estar manifestando sua vulnerabilidade, como vimos essa semana no gesto dos pais norte-americanos de presentear os passageiros com balas e tampões como um pedido antecipado de desculpas pelo choro de seu bebê durante o voo. Compreendo perfeitamente a angústia que viveram a ponto de agirem assim. Mas eles é quem precisam ser amparados. Não os passageiros.
É preciso que a sociedade - portanto eu e você - pare de tentar excluir a criança e seu repertório do convívio social. Entre todos os grupos de vulnerabilidade, a "criança" é aquela que deveria contar com maior dose de empatia pelo simples fato de que todos já passamos, ou ainda estamos passando, por essa fase. Por que, então, é tão fácil menosprezá-las e considerá-las estorvos sociais quando são, na verdade, o humano em nós? O que isso diz sobre nossa (des)humanidade?
Você não tem obrigação de ser bacana, de ir lá ajudar a família, de mostrar um sorriso. Nesse "mundo livre" você tem total liberdade inclusive para ser um egoísta e chamar o comissário para reclamar do bebê que, por chorar, o está incomodando, ou de ser hostil, ou de fazer piada sem graça para o tripulante ao seu lado. Mas nesse caso, aquele mundo bacana do início do texto não lhe pertence nem pertencerá. Nele, só estarão os que preferem compreender a atacar, acolher a julgar, ser pró-ativo a acomodar-se, oferecer um sorriso aos cuidadores a olhá-los com reprovação. E aí, quando você for exercer seu direito cidadão de cobrar dos governantes que acabem logo com "toda essa violência que aí está" aceite que é também de si próprio que está falando.
É hora de fazer a sua escolha. De que lado você quer estar? Qual é o seu mundo ideal?
http://www.brasilpost.com.br/ligia-moreiras-sena/desculpeme-por-ser-crianca_b_6149708.html?utm_hp_ref=brasil-familia



quinta-feira, 20 de novembro de 2014

Quarto Montessori

A Pedagogia Montessoriana ou Método Montessori foi desenvolvida por volta de 1907, por Maria Montessori, primeira mulher da Itália diplomada em medicina. Além de médica, Maria Montessori era educadora e seu método propunha a criação de um ambiente de aprendizado mais criativo. Seu trabalho enfatiza a importância de se criar um ambiente adequado para o desenvolvimento da criança, capaz de permitir a livre expressão de suas capacidades. Em um ambiente rico e estimulante, a criança torna-se capaz de aprender sozinha por meio de suas próprias experiências, desenvolvendo-se de forma espontânea, criativa e saudável.
Desta forma, Montessori acreditava que a casa não deve ser para crianças, mas das crianças, ou seja, não organizada para sua chegada, mas estruturada a partir de sua criação. Assim, quando pensamos em uma decoração montessoriana, temos que ter em mente que a proposta é fazer um quarto pensando no bebê e não para uso de adultos. Também é importante ter uma perspectiva que vai além da aparência puramente decorativa. A prioridade é a liberdade que a criança deve ter. Ponto fundamental, no desenvolvimento da criatividade.
Montessori escreveu que o desenvolvimento se dá em “períodos sensíveis”, de forma que em cada época da vida predominam certas características e sensibilidades específicas. Sem deixar de considerar o que há de individual em cada criança, Montessori pode traçar perfis gerais de comportamento e de possibilidades de aprendizado para cada faixa etária, com base em anos de observação.
A compreensão mais completa do desenvolvimento permite a utilização dos recursos mais adequados a cada fase e, claro, a cada criança em seu momento, já que as fases não são estanques e nem têm datas exatas para começar e terminar.
"Ela acreditava que a educação é uma conquista da criança, pois percebeu que já nascemos com a capacidade de ensinar a nós mesmos, se nos forem dadas as condições", diz Talita de Oliveira Almeida, presidente da Associação Brasileira de Educação Montessoriana.
Pode-se pensar em quatro áreas chaves para manter em mente ao configurar o quarto da criança:
Área de Movimento
Área para Trocas/Vestir
Área de Alimentação
Área para Dormir
Algumas dicas para montar um quarto montessoriano:
  • O berço é substituído por um colchão no chão ou por uma cama bem baixa, para que ela possa sair e voltar quando quiser.
  • Os brinquedos devem ficar sempre a mão, em uma altura que a criança consiga pegar com facilidade.
  • Espaço livre para que possa brincar e aprender.
  • Espelho, bem fixo na parede, baixo, para que a criança possa se ver.
  • Barras na parede, para que ela possa começar a andar sozinha sem ajuda dos pais.
Abaixo, algumas fotos para nos inspirar:


























Imagens retiradas do pinterest

quarta-feira, 19 de novembro de 2014

Criação com apego: verdades, mentiras, equívocos e lendas urbanas - Por Cientista que Virou Mãe

Fui convidada pra conversar sobre "criação com apego" em um programa da RBS, afiliada Globo aqui no Sul do país. Tenho minhas próprias considerações sobre o assunto, sobre as quais falo constantemente neste blog.
Mas acredito que o conhecimento sobre maternidade vem, em grande parte, de uma construção conjunta de várias mães. Mulheres diferentes, com diferentes concepções de mundo, que se reúnem para discutir, em síntese, "como ser mãe" - como se uma definição dessa fosse possível...
Assim, conversamos coletivamente no grupo Maternidade Consciente sobre o que seria mais importante mencionar em uma entrevista sobre  "criação com apego".
O que falta na maioria das matérias sobre o assunto?
O que é importante que as famílias saibam e que geralmente fica negligenciado?
O que todas gostariam que fosse abordado?
Quais são os equívocos que se encontra por aí?
Muitas respostas surgiram e vou tentar resumir aqui o coletivo de tantas mulheres, permeado por minha opinião pessoal sobre o tema.

Do nome insatisfatório

A expressão "Criação com apego" pode levar à falsa conclusão de que crianças assim criadas estão sendo ensinadas a se apegar às coisas ou às pessoas no sentido material. Mas não. A proposta é absolutamente diferente disso.
O nome vem da tradução literal do termo em inglês "attachment parenting". Muitas sugestões existem como variações desse nome, justamente para evitar a má interpretação, como: criação com afeto, criação com vínculo, criação com disponibilidade, criação com empatia, criação com segurança emocional.
Quando se fala em "criação com apego", muitas pessoas repelem a discussão por puro desconhecimento e preconceito. Ao contrário do que se pensa quando não se conhece, não se pretende com essa proposta, crianças grudadas nos pais. Pelo contrário: pretende-se a criação de seres seguros, autoconfiantes e empáticos justamente porque a eles foi dada total segurança emocional.

Da não autoria do Dr. Sears

Embora muitas matérias sobre o tema deem ênfase aos tais "princípios do Dr. Sears", não foi o Dr. William Sears quem "criou" essa forma de maternagem. Como alguém poderia ter criado uma forma intuitiva de cuidados infantis que acompanha a humanidade há séculos e que é totalmente variável entre as culturas, embora se baseie num mesmo ponto, o respeito?
Dr. Sears, por se dedicar a falar sobre o assunto e por basear sua prática nisso, tornou-se o disseminador ocidental da ideia, não seu "criador".
As práticas envolvidas na criação com apego são encontradas em comunidades antigas e tradicionais, menos inseridas nocapitalismo selvagem way of life, e se baseiam no respeito, na empatia, na conexão e no afeto como base para uma criação emocionalmente segura.
É importante que se diga: não é necessário que ninguém crie uma forma de cuidado parental, nem que se dê um nome a isso. As pessoas precisam se desconectar mais dos rótulos e se conectar mais com seus próprios valores e escolhas...

Das regras que não existem

Diz-se muito que a criação com apego subentende, obrigatoriamente, a realização de algumas práticas, como compartilhar o leito, transportar a criança em slings, amamentar continuadamente até mais de 2 anos, não escolarizar tão cedo, entre outras.
Mas, entenda: NÃO HÁ REGRAS!
A criação com vínculo não é um manual, um guia, nem pretende ser.
E quando lembramos que grande parte das famílias está, justamente, buscando um manual, com regras claramente delimitadas, então se explica, em grande parte, um dos motivos da "polêmica" em torno do assunto. Como se pode achar bacana, ou ao menos despertar o interesse, algo que não oferece o que eu quero: regras?!
É por isso que livros que supostamente "ensinam" o bebê a fazer tal coisa são tão vendidos. Porque é justamente o que a maioria dos pais e mães querem: que o bebê aprenda a se comportar exatamente como eles querem. O que por si só é uma loucura...
Querer que um filho corresponda às suas expectativas de comportamento é preparar um ser humano para a frustração, para a baixíssima auto-estima, para se ver sempre como inadequado e incompleto aos olhos dos pais.
É fácil entender isso: use o adulto como exemplo.
Pense que aquela pessoa que você ama vive exigindo que você seja exatamente assim ou exatamente assado e que você se comporte desta ou daquela maneira, sempre. E que se você não se comportar assim, então você é quem está errado, e você, então, precisa aprender a se comportar.
Isso nega a sua individualidade, nega a sua liberdade, a sua característica ímpar como ser humano. isso te nega em sua essência.
É assim que uma criança se sente, sem ter a capacidade de formular um pensamento tão elaborado quanto.  Mas o registro emocional disso fica guardado em locais que, no futuro, o mais breve gatilho é capaz de disparar.
É também por isso que a criação com vínculo não subentende regras.
Porque regras são para pessoas iguais.
E as crianças são seres muito diferentes.

Da contrariedade por parte de tantos pediatras (e demais profissionais que se dizem entendidos de filhos)

Continuando nessa linha de raciocínio, é possível entender o porquê de tantos pediatras e outros profissionais se dizeremcontra a criação com apego.
Muitos nem sabem do que se trata em profundidade, mas se dizem contra - o que, também, representa um atestado de não confiabilidade. Afinal de contas, para que se possa emitir uma opinião a respeito de algo, deve-se conhecer em profundidade o assunto. Do contrário, corre-se o risco de falar bobagem e se cair em descrédito perante quem entende um pouco mais por estudar a fundo o assunto.

Mas continuando a linha de raciocínio de que a criação com apego não subentende regras - porque regras são para pessoas iguais e as crianças são seres muito diferentes - é possível compreender porque muitos profissionais se dizem contra: porque a pediatria hegemônica e algumas teorias psicológicas de desenvolvimento infantil atuais, aquelas que são praticadas em grande parte dos consultórios médicos ou psicológicos, e que também são ensinadas em muitos cursos de medicina, veem a criança como um sistema que deve se comportar de determinada maneira. E, ao mesmo tempo, vê todas as crianças como iguais. Nessa lógica, portanto, todas as crianças devem se comportar da mesma maneira - ou apresentar os mesmos comportamentos frente às mesmas situações.




É por isso, então, que:
- todas devem ser desmamadas pra não "mal acostumar";
- todas devem começar a comer outros alimentos aos 6 meses;
- todas devem andar pouco antes ou por volta dos 12 meses;
- todas devem falar aos 2 anos;
- todas devem dormir noites inteiras, sempre;
todas devem ser afastadas da mãe pra criar independência (que mundo é esse que quer que crianças sejam independentes aos 12, 24 meses?).

E todas aquelas que não se comportarem assim, de duas uma: ou estão com problemas, ou os pais estão fazendo coisa errada.
"Ai ai ai, mãezinha, amamentando à noite? Um bebezão desse tamanhão, quase um garoto grande, de 6 meses de idade, mãezinha? É por isso que ele não dorme à noite, porque quer o peito. Tira logo esse peito dele, complementa com leite artificial e problema resolvido".
"Ai ai ai, dormindo com o papai e com a mamãe? Assim a criança terá problemas psíquicos e atraso no desenvolvimento...".
Tantas coisas ditas sem qualquer tipo de embasamento.
Onde estão as evidências que comprovam esse tipo de argumentação?
Indiquem-nos as evidências comprobatórias dessas afirmações!
Não se tem porque não existem... Mas, ainda assim, isso tudo é afirmado aos montes nos consultórios e salas de atendimento.
Quantos de nós já não ouvimos coisas do tipo?
E, infelizmente, muitos aceitam...
E por que?
Porque:

1) Querem o melhor para o filho e acham que, se um profissional que supostamente devia saber tudo sobre filhos - ainda que muitos nem sequer os tenham - sugere isso, então é ele quem está certo, não ela mesma ou a sua intuição; e/ou
2) Porque ainda não se apoderaram da sua plenitude como mães, porque não se viram ainda como as verdadeiras detentoras da capacidade própria de escolha; e/ou
3) Porque estão inseguras, porque ouvem muitos conselhos, muitos que não foram sequer pedidos, porque estão pressionadas pela família e não sabem a quem dar ouvidos; e/ou
4) Porque não se envolveram ativamente na busca por informações. Porque, do contrário, saberiam que, nesse caso específico, um médico que sugere um desmame aos 6 meses de idade está indo contra as próprias recomendações da Organização Mundial de Saúde. Saberiam que muitas crianças amamentadas dormem a noite inteira desde que nasceram, assim como muitas acordam inúmeras vezes à noite, e o mesmo vale para as que tomam mamadeira: porque as crianças são diferentes, and... here we go again! E se as crianças são diferentes, não há como esperar o mesmo de todas. E que se os conselhos pseudopsicológicos de separação precoce fossem realmente bons a todos, as mães não se sentiriam tão identificadas com o que escreve e diz a psicoterapeuta argentina Laura Gutman. Aliás, ela vem aí, e eu estarei na fila do gargarejo.

Ah tá, você é um profissional que entende tudo sobre a psiquê da criança. Sei.
Saiba que esse é o discurso usado por muitos profissionais que sugerem coisas bastante deletérias, como desmame abrupto, separação precoce injustificada, entre outros.
Novamente: vamos discutir em termos de artigos científicos?
Porque se o modelo biomédico se baseia em comprovação científica, então queremos as mesmas comprovações também aqui.
Por uma questão de coerência.

Do respeito à singularidade da criança e do respeito ao ser que está se formando

Se fosse possível resumir os preceitos da criação com apego em uma única expressão, seria essa: respeito à singularidade da criança e respeito ao ser que está se desenvolvendo.
Respeitar a criança como ser em formação, como detentor de sentimentos, como necessitado de empatia, de envolvimento, de acolhimento, e não de autoritarismo, negação, afastamento e violência.
Deixar chorando no berço para que acostume, ou afastar a criança de si para que se torne independente, apenas porque os pais querem que ela se enquadre em suas expectativas, deixando de ser quem é para se tornar o que querem que ela seja, não é respeitar quem está se formando, que precisa se sentir acolhido, e não desamparado apenas porque o Dr. Estivill, a Dra. Super Nanny ou qualquer um que queira adestrar crianças disse que assim é melhor. Se é necessário um doutor para sugerir, embasado em sua percepção, então eu posso sugerir facilmente aqui uma lista de doutoras e doutores para sugerir o contrário, embasadas tanto em suas percepções quanto em inúmeras evidências científicas.
Nesse caminho, se uma criança, desde os primeiros meses, aprende a ser aquilo que querem que ela seja, então, no futuro, ela será aquilo que todos quiserem que ela seja. Menos ela mesma. Porque isso não foi ensinado ou respeitado. Isso não foi valorizado.
Essa questão de querer que uma criança se comporte como se espera que ela se comporte, e não como ela realmente é, é a raiz da tal MEDICALIZAÇÃO DA INFÂNCIA. É só por isso que tantas crianças estão tomando psicoativos sem real necessidade, com apoio de psicólogos e médicos. Para que se moldem.
Percebem como o problema tem raízes antigas?

Da negação à permissividade

Escolher a criação com apego como forma de cuidado com os filhos não é ser permissivo.
Escolher a criação com apego como forma de cuidado com os filhos não é ser permissivo.
Vamos lá, mais uma vez.
Escolher a criação com apego como forma de cuidado com os filhos não é ser permissivo.
Quem assim escolhe não acha que a criança deve fazer tudo o que quer. Muito pelo contrário. Acha-se que ela deve ter noções de limites, porque isso também é uma forma de respeito. Ter limites, conhecer os limites do outro e os seus próprios é estar inserido, respeitosamente, no mundo.
A questão é: COMO SE ENSINA A CONHECER OS LIMITES?
Com base no autoritarismo, no medo, na repressão injustificada, no "Não pode fazer isso porque eu disse que não pode!"? Ou com base no diálogo, na compreensão e no respeito, no "Não, porque fazer isso fará mal a você ou ao amigo, por isso, por isso e por isso".?
Dizer que quem cria com apego cria pessoas sem limites é:
1) desconhecimento
2) preconceito
3) senso comun
4) absurdo
Ah sim.
E, definitivamente, criar com apego, afeto e amor exclui veementemente a violência como forma de imposição de limites. Seja ela física, moral ou psicológica.

Da vida sexual dos pais

Quem pratica cama compartilhada ou quarto compartilhado - que não é prática obrigatória da criação com apego, já que, como dito anteriormente, não existem regras - faz sexo.
Se não faz, o problema não é da cama compartilhada.
E - como já foi sugerido por quem não sabe sequer como pode ser a cama compartilhada - o sexo não é feito na presença da criança. Sim, a gente ouve esse tipo de afirmação bizarra da turma do desconhecimento...
Onde foi que se determinou que sexo só se faz na cama onde se dorme?
Mas sabe o que que é?
É que o ser humano tem uma atração irresistível por saber da vida sexual do outro e fantasia loucuras sobre isso.
Dizer que quem dorme junto com os filhos não transa mais é como dizer que quem não cozinha, não come.
E é só mais uma das coisas que se diz por aí fruto de não se ter experiência ou conhecimento de causa no que se diz.
As conversas mais divertidas nos grupos que discutem criação com apego se dão em torno desse tema.

Ah sim, não podemos esquecer também de mencionar aquele papo pra boi dormir de que criança que dorme com os pais não sabe o seu lugar e nunca irá querer dormir sozinho. Criança que nunca quer sair do quarto dos pais é a criança que nunca dormiu com eles. Esse sim, por não poder dormir juntinho nunca, quando consegue uma vez não quer sair. Aquele que dorme constantemente próximo dos pais, que os sabem presentes a qualquer hora da noite, que não sentem medo pelo afastamento, não se sentem compelidos a estar ali pra sempre e, aos poucos, com naturalidade, tendem a buscar o seu cantinho. Esse é o depoimento de dezenas de mulheres que já viveram isso na pele, não na teoria.
E quem disse que buscar o seu lugar deve excluir a presença do pai e da mãe também à noite?

Do feminismo x criação com apego

Há uma lenda urbana que diz que para escolher a criação com vínculo como forma de criação de filhos é preciso que se abandone carreira, profissão e trabalho fora de casa para que se esteja 100% livre para cuidar do filho.
Mas em que mundo essas pessoas vivem?!
Quantas mulheres hoje tem condições financeiras que permitem isso?!
Quantas mulheres hoje realmente desejam isso?!
É perfeitamente possível - e muito recomendado, inclusive, pelos muitos benefícios que traz - que principalmente as mulheres que trabalham fora criem seus filhos com apego. Simplesmente porque isso representa o aproveitamento integral do tempo de que se dispõe com as crianças.
Quem acha que criação com apego é a antítese do feminismo:
a) não sabe o que é criação com apego, ou
b) não entende muito bem o feminismo, ou
c) ambas as coisas.
E, inclusive, é importante que se diga algo sobre isso: essa maneira de criar filhos aumenta em muito o empoderamento da mulher.
E acredito fortemente que isso advenha do fato de se sentir e se saber responsável pelas escolhas; de saber que não se está seguindo a massa irracionalmente; de saber que na sua própria casa há consciência, no sentido de "Estou pensando sobre, não estou estagnada, estou questionando, estou me movendo, acredito em mim e nas minhas escolhas".

Um artigo científico publicado neste ano, com o título de "Feminismo e criação com apego: atitudes, estereótipos e equívocos", conduzido por Miriam Liss e Mindy Erchull, da Universidade Mary Washington nos Estados Unidos, discute exatamente isso: que tipo de mães as feministas são?
De acordo com esse estudo, as mães que se consideram feministas endossam a importância das práticas incentivadas pela criação com apego.
As feministas são frequentemente representadas na mídia como sendo anti-família e anti-maternidade e assumir o estereótipo de que são mulheres sem interesse em cuidar de filhos tem contribuído em muito para as reações contrárias ao feminismo.
As autoras da pesquisa se preocuparam em analisar se praticar a criação com apego representaria uma forma de empoderamento ou de opressão às mães. 
A pesquisa foi realizada com 431 norte-americanas (147 mães feministas, 74 feministas que não são mães, 143 mães não feministas e 66 não-feministas e não-mães), as quais foram entrevistadas sobre feminismo e maternidade.
Os resultados mostraram que as feministas são mais simpáticas às práticas da criação com apego que as não-feministas, sendo essas últimas as que tendem a adotar esquemas mais rígidos de cuidados com as crianças.
Ou seja: isso vai contra tudo o que se diz por aí acerca de feminismo e maternidade.
É mais provável que uma mulher feminista aceite a criação com apego do que a que não é feminista.
Mais uma prova de que é preciso saber das coisas com um pouquinho mais de profundidade antes de julgá-las.

Da inexistência de  mulheres perfeitas

E já passou da hora de enterrar esse comportamento irônico e sarcástico de dizer que quem pratica criação com apego tenta ser perfeita.
Jamais! Absolutamente! No way!
Pelo contrário.
São mulheres que se questionam sobre suas práticas acima de tudo.
Estão sempre perguntando a si mesmas "Será que estou no caminho?", "Será que estou fazendo algo que pode ser melhorado?", "Será que isso está adequado?".
Mulheres que se acham a última água gelada do deserto não se questionam dessa maneira, simplesmente porque assumem que sabem tudo sobre tudo.
Escolher a criação com apego significa "problematizar", "questionar", "se colocar em cheque, em dúvida, dar ultimatos e cheque-mates repetidos em si mesma".
Quem participa de grupos de discussão sobre o tema sabe quantas vezes por dia surgem questionamentos nesse sentido, de tentar melhorar a prática.
E reconhecer que a prática precisa ser melhorada exclui a possibilidade de perfeição.
O fato de querer ser o melhor que se pode ser não subentende perfeição.
Sim, subentende grande dose de esforço.
Perfeição? Quiéisso, tá brincando?!

Do absurdo do "modismo"

Se, como foi dito lá em cima, os valores nos quais se baseiam a criação com apego são a base de sistemas tradicionais seculares, e se essas práticas vêm sendo adotadas por diferentes comunidades ao redor do mundo há muitas gerações, então dá pra entender que  É IMPOSSÍVEL DIZER QUE É UM MODISMO, não dá?
O que está havendo é a recuperação de valores antigos, de formas antigas de cuidado com os filhos, que eram mais valorizadas antes do enlouquecido e mecanicista modo de viver atual.
Moda mesmo é dizer que isso é moda, sem qualquer tipo de fundamento.

Da não criação de pequenos tiranos ou de crianças com problemas emocionais

Quem você acha que tem mais chance de se tornar um pequeno tirano ou uma criança com sérios problemas emocionais: quem sempre teve atenção, presença e amor ou quem sempre foi tratado com autoritarismo, negação, ausência e descaso?
Posso citar dezenas de artigos de psicologia para comprovar que a resposta é o último caso.
Quem aqui já ouviu alguém dizer, na idade adulta, que é inseguro, triste, melancólico ou revoltado porque a mãe ou o pai estiveram sempre presentes, porque foram empáticos com ele e entenderam suas solicitações, porque estiveram disponíveis e não foram violentos?
Alguém?
Eu nunca.
Os principais problemas da juventude vem do excesso de amor ou da falta?
Da presença ou da ausência?
Do amparo ou da violência?
Da compreensão ou de se deixar chorar sem consolo?
Achar que uma criança ficará mal acostumada porque mama na mãe até mais de 2 anos, porque dorme próximo dos pais, porque não foi cedo à escola, significa dizer que fazer exatamente o oposto é criar pessoas bem acostumadas.
Desculpe-me, mas as evidências estão TODAS contra essas crenças.

Dos outros absurdos que se ouve por aí por quem não entende o que é a criação com apego

- Que criança grande que mama no peito não se alimenta direito.
- Que leite materno após 1 ano de amamentação perde seu componente nutricional.
- Que criança que dorme com os pais não aprende o seu lugar.
- Que bebês são chantagistas e manipuladores. Não. Esses são os ADULTOS. Inclusive os que disseram isso pra convencer uma mãe ou um pai de que o bebê não merece tanto desvelo assim...
- Que criação com apego estraga a criança.
Quem diz esse tipo de coisa não cria com apego. E se não cria com apego, não pode dizer porque não sabe. Quem cria com apego, ou quem conhece crianças criadas com apego, sabe plenamente que não é assim. É só mais um preconceito ou um senso comum absorvido como se fosse verdade.

E se você é uma mãe ou um pai que também fez a opção de criar seu filho com respeito, empatia, disponibilidade, segurança afetiva e não violência, por favor, dê sua contribuição.
Vamos produzir um material que possa ser consultado por quem tem dúvidas sobre isso.

E uma última dica: se um psicólogo, pedagogo, pediatra ou outro profissional disser que tudo isso representa prejuízo para a criança, peça evidências que sustentem essas afirmações. Peça referências confiáveis.
Eu tenho aqui várias, se você quiser, mostrando como tudo isso é vantajoso e benéfico às crianças e suas famílias, do ponto de vista emocional, cognitivo e neurocientífico.
Peça, nós temos vários.
E eles?
Terão também ou o que dizem é fruto do "eu acho que"?