sexta-feira, 10 de outubro de 2014

Para continuar amamentando - por Luíza Dinner

que o leite materno é o melhor e mais completo alimento para o bebê nos seus primeiros meses de vida não é novidade. acho que ninguém discorda disso.
mas muitas coisas acontecem no meio do caminho que podem conduzir a um desmame precoce nos bebês.
organização mundial da saúde (OMS) preconiza o aleitamento materno até 2 anos de idade ou mais, além daamamentação exclusiva e em livre demanda nos seis primeiros meses de vida do bebê.

peço a cada um que agora me lê que estude com carinho tudo que vou falar a seguir, que é baseado em evidências científicas, não no que eu acho ou na minha pouca experiência amamentando dois filhos, ou no que disse minha mãe, tia, irmã, avó.

primeiramente é importante conhecer (ainda que resumidamente) as vantagens da amamentação tanto para a saúde dos bebês quanto para das mães:
para bebês, a amamentação natural reduz os índices de mortalidade infantil; diminui a probabilidade de alergia e problemas digestivos nos primeiros meses de vida; auxilia no desenvolvimento cognitivo e psicomotor, entre outros benefícios.
para mães, fortalece o vínculo entre mãe e bebê; reduz a quantidade e o tempo de sangramento no pós parto, evitando hemorragias e anemias; promove contrações uterinas, ajudando a reduzir o tamanho do útero; acelera o metabolismo, auxiliando na perda de peso e na recuperação da forma física; diminui a incidência de diabetes, osteoporose, câncer de mama, de útero e de ovário, entre outros benefícios.

um estudo feito em são paulo com quase 600 mães apontou que 92% das mães que amamentavam sabia dos benefícios da amamentação, mas que ainda assim 86,6% dos bebês desmamou antes dos 6 meses de idade, sendo que a idade média do desmame foi de 3,3 meses. três vírgula três meses de idade, gente!
muitas vezes sabemos da importância e vantagens da amamentação mas, na prática, na correria, no trabalho que dá cuidar de um bebê, adotamos certas medidas que podem prejudicar a saúde de nossos filhos a longo prazo.

por isso gostaria de apresentar os fatores que levam ao desmame precoce com maior frequência:

  • “leite fraco” - muitas mães afirmam que o leite era fraco, que não sustentava, que o bebê chorava muito e que tudo melhorou quando ele tomou o complemento, um chazinho, um pouco de água. leite fraco é um mito(para maiores esclarecimentos, recomendo a leitura deste texto. clique para ler)
  • problemas na amamentação – peito empedrado, posição incorreta durante a amamentação, fissuras no mamilo, infecções e outras intercorrências de saúde causam desconforto e muitas vezes a mulher evita amamentar por conta disso, o que diminui a produção de leite e em alguns casos pode até secar (clique aqui para mais instruções sobre uma pega correta durante a amamentação).
  • volta ao trabalho – às vezes, por falta de conhecimento ou de prática, muitas mães abandonam a amamentação ao voltarem ao trabalho.
  • introdução alimentar precoce – a OMS e o ministério da saúde são bem claros quanto à importância da amamentação exclusiva nos primeiros seis meses de vida. a introdução alimentar (chás, leites artificiais, frutas, verduras, carne, águas, sucos, etc) antes disso favorece o desmame gradual e muitas mães, sem saberem, acabam afirmando que o bebê “largou o peito sozinho”.
  • uso de bicos artificiais – chupetas, mamadeiras, chucas, tudo isso pode confundir a pega do bebê e também acarretar em sérios problemas na infância e até na vida adulta (para se informar mais, clique aqui).
  • falta de apoio e instrução dos profissionais de saúde – essa, na minha opinião, é a mais séria, pois a maioria dos problemas relacionados à amamentação seria evitada se houvesse uma instrução de qualidade – baseada em evidências – sobre a amamentação desde o período pré natal e também na maternidade – após o nascimento do bebê e antes que mãe e bebê tenham alta do hospital – mas, principalmente, dos pediatras. muito se fala em consultório sobre sono e rotina (como se o bebê tivesse hora certa para mamar) e pouco se fala sobre livre demanda (que é deixar o bebê mamar quando quiser e por quanto tempo quiser).

segundo outro artigo científico que li e diante de muitas conversas que já tive com mães no período de pós parto, percebi que os incômodos da amamentação nos primeiros dias levam muitas mães a recorrerem a leites artificiais ou a usarem bicos de silicone nos seios e outros fatores que – a longo prazo – podem influenciar no desmame.
dentre tais incômodos, é muito frequente ouvir mães que tiveram fissuras no mamilo, o famoso “bico rachado”. e vou te falar: dói que é uma desgraça. às vezes sangra e fica tão, mas tão sensível, que só de encostar uma blusa de nada a gente já vê estrelas. imagina amamentar! se o problema não for resolvido logo, a tendência é piorar ainda mais e evoluir para um quadro clínico grave.
o mais importante é tratar as fissuras e insistir na amamentação, sempre corrigindo a pega e procurando a posição mais confortável para a mãe e o bebê. uma forma de fazer isso é usando produtos naturais que aliviam esse tipo de problema, como a pomada Millar, que é à base de lanolina anidra pura e não prejudica o bebê em caso de ingestão, podendo ser usada também como prevenção às fissuras.
busque sempre informação de qualidade e, se estiver insegura, procure o banco de leite da sua cidade para te ajudar, bem como grupos de apoio à amamentação.
pode até ser bonitinho pra algumas pessoas ver a reação de bebês comendo e bebendo outras coisas, mas espere a idade certa para que eles comecem a se alimentar.
acredite no seu leite e acredite em você! procure um médico de confiança e que seja alinhado com seus princípios.

e lembre-se: tudo tem seu tempo! as coisas ruins passam, mas as boas memórias permanecem. não desista daquilo que é mais essencial para o seu bebê: o seu leite!


http://potencialgestante.com.br/desmame-precoce/



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