quarta-feira, 1 de outubro de 2014

Solidariedade à mãe que trabalha fora.

Desde que minha filha nasceu tenho lido textos que falam dos benefícios da livre demanda, da cama compartilhada, de não deixar o bebe chorar, de dar bastante colo, da criação com apego. Porém, vira e mexe leio coisas que me fazem pensar: e se eu precisasse trabalhar? Bom se eu precisasse trabalhar, como muitas mães fazem, com quatro meses, ou na mais otimista hipótese, com seis meses minha filha estaria na creche.
Quando minha filha fez quatro meses pensei em como seria se tivesse que deixa-la numa creche e me doeu o peito só de imaginar, pois ela teve refluxo e chorava boa parte do dia, não tinha rotina praticamente e mamava em livre demanda. Com isso comecei a pensar que esse mundo é cruel com as mães que trabalham. Mãe que trabalha muitas vezes precisa impor uma rotina desde cedo, precisa colocar horário para mamar, não passa o dia com o filho no colo, não pode consola-lo toda vez que chora. Porém, nem por isso essas mães e esses bebês são menos felizes do que as mães em tempo integral.
Agora me diz como voce acha que uma mãe que trabalha fora e simpatiza com toda a gama de assuntos relacionados a parto humanizado e criaçao com apego vai se sentir ao ler frases como: é cruel regular os horarios de mamadas de um bebe, pois a amamentação não supre só a fome e sim carinho e afeto ( mae defendendo a livre demanda)…. Não deixo meu filho dormir sozinho no seu berço frio (mae defendendo a cama compartilhada)…. É um absurdo deixar o bebe chorando porque isso não faz bem para ele por inumeros motivos. (Ok, não suporto pensar que há bebezinhos que ficam no berço chorando, mas acredito que por uma questão de logística na creche isso irá acontecer) Entre outras?
Eu amamento em livre demanda, pratico a cama compartilhada, não deixo minha filha chorando, dou qnto colo ela quiser e defendo todos esses topicos, porem, me solidarizo com a mãe que gostaria de fazer tudo isso e não pode, pois passa o dia fora. E penso até que ponto esses textos que quase condenam quem não pratica isso minam a confiança de uma mãe trabalhadora e a fazem sentir culpada.
Pensa comigo. Já não deve ser fácil prosseguir com a amamentação quando a mãe retorna da licença, tirar leite, congelar, levar para a creche… Agora ler que além disso tem toda uma gama de coisas que também supririam a necessidade emocional do seu filho mas você vai depender que a tia da creche faça isso ou não, pois você terá só o fim do dia para isso.
Quem sabe mudamos o foco? Quem sabe falamos o quanto é saudavel para o bebe a mãe ficar junto dele e todos os topicos que citei, porém sem que isso pareça decisivo para que esse serzinho seja feliz ou não? Quem sabe damos alternativas para uma mãe que trabalha o dia inteiro de atividades para fazer com seu filho quando ela chegar em casa no final do dia? E no final de semana?
Um dos meus maiores choques ao aderir a maternidade foi perceber o quanto há de competição e critica entre as mães e entre as formas de parto e de de educação escolhidas por cada mãe. Na minha cabeça, existia um apoio mútuo, uma rede onde as mães trocam experiências, se ajudam, se compreendem…afinal, todas sabemos que não é fácil. Mas o que encontrei foram críticas, comparações, julgamentos de mães mais experientes, inclusive. Acredito que já basta disso! Um mundo melhor não se constrói contendo o aquecimento global e sim preparando pessoas melhores, com moral, com ética, com principios, com amor e respeito pelo próximo; e essa construção vem da familia, com a mãe que trabalha fora ou não.
Benéfica é a troca de experiências e conhecimentos sem parecer que se não for possível fazer do jeito ideal meu filho não terá vinculo comigo, terá traumas ou não será uma pessoa feliz. Se nós, mães que ficam em casa, já precisamos de apoio e de todo um suporte para conseguir amamentar e atender com qualidade nossos filhos, quem dirá as mães que trabalham fora…

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